sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Para Que Todos Ouçam


THOMAS S. MONSON


A colheita é realmente grandiosa. Que não haja dúvidas quanto a isso; a obra missionária é uma oportunidade única em nossa vida.
Irmãos, a visão que temos deste púlpito é inspiradora. É muito bom saber que, em milhares de capelas de todo o mundo, os portadores do sacerdócio de Deus estão recebendo esta transmissão por satélite. As nacionalidades variam e os idiomas são muitos, mas um laço comum nos une. O sacerdócio nos foi confiado para agirmos em nome de Deus. Recebemos uma responsabilidade sagrada. Muito se espera de nós. Despedimo-nos, com os olhos marejados e o coração condoído, daquele meigo homem gigante, sim, um profeta de Deus, o Presidente Howard W. Hunter. Apoiamos hoje o Presidente Gordon B. Hinckley como Presidente da Igreja e profeta, vidente e revelador de Deus. Sei que o Presidente Hinckley foi chamado por nosso Pai Celestial como profeta e que ele nos guiará pelos caminhos traçados pelo Salvador. O trabalho prosseguirá, e o povo será abençoado. É uma honra e um indubitável privilégio servir com o Presidente Gordon B. Hinckley e com o Presidente James E. Faust na Primeira Presidência da Igreja.
Há muitos anos, um mandamento divino foi dado pelo nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, quando disse a Seus onze discípulos amados: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” 1 Marcos registra que “eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor.” 2
Esta sagrada obrigação não foi anulada. Pelo contrário, foi mais uma vez salientada. O Profeta Joseph Smith estabeleceu o propósito da Igreja, quando disse que é: “levar os homens e mulheres a um conhecimento da verdade eterna de que Jesus é o Cristo, o Redentor e Salvador do mundo, e de que somente por meio da crença Nele, e da fé que se manifesta em boas obras, poderão os homens e as nações gozar de paz”.
Será que o mundo em que vivemos continua necessitando dos ensinamentos do evangelho de Jesus Cristo? Para quase qualquer lado que olhemos, parece haver um desgaste na espiritualidade e na obediência aos mandamentos. Vê-se um descaso evidente pela alma preciosa do homem.
É quase como se o rosto de muitos se houvesse voltado para longe Dele—sim, do Senhor—que declarou solenemente: “O valor das almas é grande na vista de Deus.” 3 As suaves palavras “Vem, e segue-me”,4 chegam a muitos cujos ouvidos estão obstruídos e cujo coração está fechado. Essas pessoas parecem estar em sintonia com outra voz.
Lembram-se da história aprendida na infância sobre aquele músico convincente, o Flautista de Hamelin? Ele entrou na cidade e ofereceu, mediante determinada quantia, livrá-la da praga que a assolava. Quando chegaram a um acordo, ele tocou sua flauta, e os ratos saíram dos edifícios e seguiram-no até o rio, onde se afogaram. Quando as autoridades da cidade se recusaram a pagar, ele voltou a tocar a flauta e atraiu as preciosas criancinhas para longe da segurança das famílias e de suas casas, e elas nunca mais voltaram.
Será que, ainda hoje, existem Flautistas de Hamelin? Estarão entoando melodias sedutoras a fim de conduzir à própria destruição aqueles que os ouvem e seguem? Esses “flautistas” tocam as melodias do orgulho e do prazer, do egoísmo e da ganância, deixando, em seu rastro, mentes confusas, corações amargurados, vidas vazias e sonhos destruídos.
O profundo anseio de multidões incontáveis está expresso na súplica de alguém que disse a Filipe: “Como poderei [encontrar meu caminho], se alguém não me ensinar?” 5
Irmãos do sacerdócio, o mundo necessita de sua ajuda. Existem pés a firmar, mãos a segurar, espíritos a encorajar, corações a inspirar, e almas a salvar. A colheita é realmente grandiosa. Que não haja dúvidas quanto a isso; a obra missionária é uma oportunidade única em nossa vida. As bênçãos da eternidade os aguardam. É um privilégio para nós não sermos apenas espectadores, mas, sim, protagonistas no palco do sacerdócio.
Àqueles que possuem o Sacerdócio Aarônico, digo: preparem-se para uma missão de tempo integral. Irão fazer parte desse valoroso exército do Senhor, cujo número chega atualmente a cinqüenta mil.
De que maneira poderão atender melhor ao chamado? Sugiro uma receita que lhes garantirá sucesso como missionários:
1. Preparem-se tendo em vista um propósito;
2. Ensinem com testemunho;
3. Trabalhem com amor.
Primeiro, preparem-se tendo em vista um propósito. Lembrem-se da declaração feita pelo Mestre: “Eis que o Senhor exige o coração e uma mente obediente.” 6 O trabalho missionário é árduo. Sobrecarrega as energias do indivíduo, exige o máximo de sua capacidade, requer seus maiores esforços—com freqüência, uma segunda milha. Nenhum outro trabalho exige mais horas, maior devoção, tanto sacrifício e orações fervorosas.
O Presidente John Taylor resumiu os requisitos: O tipo de homem que desejamos como portadores da mensagem deste evangelho são aqueles que têm fé em Deus, que têm fé em sua religião; homens que honram o sacerdócio; em quem as pessoas confiam, e em quem Deus confia. ( . . . )
Queremos homens cheios do Espírito Santo e do poder de Deus. ⌦( . . . ) Homens que levam as palavras da vida às nações devem ser honrados, íntegros, virtuosos e puros; e, sendo esta a ordem que Deus nos dá, tentaremos segui-la.
Segundo, ensinar com testemunho. Pedro e João, pescadores convertidos que se tornaram Apóstolos, foram advertidos a não falar nem pregar em nome de Jesus Cristo, que fora crucificado. A resposta que deram foi firme: “Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus. Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.”8
Paulo, o Apóstolo, excelente testificador da verdade, estava falando a todos nós—tanto membros como missionários—quando aconselhou seu querido amigo Timóteo: “Sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.” 9
O Élder Delbert L. Stapley, que serviu como membro do Conselho dos Doze há alguns anos, citou Paulo em sua epístola aos romanos: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação.” 10 E então o Élder Stapley acrescentou: “Se não nos envergonhamos do evangelho de Cristo, não devemos nos envergonhar de vivê-lo. E se não nos envergonhamos de vivê-lo, não devemos nos envergonhar de ⌦partilhá-lo.”
Terceiro, trabalhar com amor. Nada substitui o amor. Em geral, esse amor é despertado na infância pela mãe, desenvolvido pelo pai, e conservado palpitante por meio do serviço a Deus. Lembrem-se do conselho do Senhor: “E a fé, a esperança, a caridade e o amor, com os olhos fitos na glória de Deus, o qualificam para o trabalho.” 11 Cada um de nós poderia perguntar-se: Será que hoje aperfeiçoei-me na fé, na esperança, na caridade, no amor? Quando nossa vida está de acordo com o padrão de Deus e trabalhamos com amor a fim de trazer-Lhe almas, aqueles que se encontram dentro de nossa esfera de influência nunca lamentam: “Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.” 12
Os jovens missionários sempre imaginam onde gostariam de servir. Geralmente é em um lugar longínquo, com um nome estranho.
Certo dia, eu estava no departamento de roupas masculinas de uma grande loja quando me encontrei com dois missionários acompanhados das mães. Não é difícil reconhecer os missionários ou suas mães. Os dois élderes estavam conversando e um disse ao outro: “Para onde você vai na missão?”
O outro respondeu: “Vou para a Áustria.”
O primeiro missionário redarguiu: “Rapaz de sorte, vai para a ⌦Áustria! Os lindos Alpes, aquela música maravilhosa, um povo tão agradável! Eu gostaria de ir para lá!”
“Para onde é que você vai?” perguntou o missionário designado para a Áustria.
“Para a Califórnia”, foi a resposta. Sabe como é, a menos de duas horas de distância, de avião. Passamos as férias lá todos os anos.”
Pude ver, pela expressão do rosto das mães e pelas lágrimas que quase brotavam dos olhos de um dos missionários, que estava na hora de intervir. “Você disse Califórnia?” perguntei. “Já supervisionei aquela área. Você recebeu um chamado inspirado, Élder. Já pensou no que tem a Califórnia para ajudá-lo? Terá capelas e sedes de estaca em todo o estado, e elas estarão cheias de santos dos últimos dias que poderão ser inspirados a ajudá-lo na pregação do evangelho. Você é um missionário de sorte por estar indo para lá.” Olhei para a outra mãe, que disse: “Irmão Monson, por favor, diga depressa alguma coisa sobre a ⌦Áustria!” E eu disse.
Rapazes, o lugar para onde forem chamados será o local certo para cada um, e aprenderão a amar sua missão.
Irmãos, todos nós podemos participar, assim como nossas esposas e filhos, do trabalho de trazer almas a Cristo, por meio de um esforço cooperativo com os missionários de estaca e de tempo integral. Uma forma de muito sucesso e muito satisfatória é a realização de reuniões para pesquisadores em suas capelas. Os bispos e presidentes de estacas receberam um vídeo com apresentação do o Élder Jeffrey R. Holland, que é excelente para ser usado numa reunião para visitantes da Igreja. Usem-no. O número de membros da Igreja aumentará, e o Espírito do Senhor estará conosco quando o fizermos.
Preparem-se tendo em vista um propósito. Ensinem com testemunho. Trabalhem com amor. Testifico quanto à eficácia desta receita e, na verdade, deste trabalho divino do Senhor.
Muitos anos atrás, tomei um avião de San Francisco, para Los Angeles. Quando me sentei, o lugar ao meu lado estava vazio. No entanto, logo foi ocupado por uma mocinha muito agradável. Ao decolarmos, notei que ela estava lendo um livro. Como de praxe, dei uma espiada no título: Uma Obra Maravilhosa e um Assombro. Reuni coragem e dirigi-me a ela: “Com licença. Você deve ser mórmon, não é?”
Ela respondeu: “Oh! não. Por que está perguntando?” Eu disse: “Bem, você está lendo um livro escrito por LeGrand Richards, um líder muito preeminente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.”
Ela respondeu: “É mesmo? Uma amiga me deu este livro, mas não sei muita coisa a respeito dele. No entanto, despertou minha curiosidade.”
Meditei se deveria prosseguir e falar mais a respeito da Igreja. As palavras do Apóstolo Pedro passaram-me pela cabeça: “Estai sempre preparados para responder ( . . . ) a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.” 13 Decidi que tinha chegado a hora de compartilhar com ela meu testemunho. Disse-lhe que tivera o privilédio de, anos antes, ajudar o Élder Richards, quando imprimiu esse livro. Mencionei o grande espírito missionário que esse homem possuía e contei-lhe sobre os milhares de pessoas que haviam abraçado a verdade, depois de ler o que ele escrevera. Tive, então, o privilégio, durante o resto da viagem, de responder a suas perguntas sobre a Igreja-–perguntas inteligentes, saídas do coração, que notei ser um coração à procura da verdade. Perguntei-lhe se me concederia uma oportunidade de mandar os missionários visitá-la. Convidei-a a visitar uma de nossas alas em San Francisco, cidade em que morava. Suas respostas foram afirmativas. Ela forneceu-me seu nome—Yvonne Ramirez—e informou que era uma comissária de bordo a caminho do trabalho.
Ao voltar para casa, escrevi ao presidente da missão e ao presidente da estaca, inteirando-os de minha conversa e de que eu havia escrito à moça mandando-lhe alguns livros e folhetos. A propósito, rapazes, recomendei que, em vez de enviar dois élderes a essa bonita comissária de bordo de folga e sua bela companheira de apartamento, deveriam ser designadas duas missionárias para a visita.
Passaram-se muitos meses. Recebi, então, um telefonema do presidente da estaca, que perguntou: “Irmão Monson, lembra-se de haver-se sentado ao lado de uma comissária de bordo em uma viagem de San Francisco a Los Angeles, pouco antes do fim do ano?” Respondi afirmativamente. Ele continuou: “Achei que gostaria de saber que Yvonne Ramirez acaba de se tornar o membro mais recentemente batizado e confirmado da Igreja. Ela gostaria de conversar com o senhor.”
Uma voz suave chegou-me pelo telefone: “Irmão Monson, muito obrigada por ter compartilhado comigo seu testemunho. Sou a pessoa mais feliz de todo o mundo.”
Com lágrimas marejando os olhos e gratidão a Deus enchendo-me a alma, agradeci-lhe e elogiei-a por sua busca da verdade e por, tendo-a encontrado, decidir entrar nas águas que limpam, purificam e levam à vida eterna.
Fiquei sentado durante alguns minutos, depois de colocar o telefone no gancho. As palavras do Salvador passaram-me pela mente: “E onde vos receberem, aí estarei também, pois irei diante de vossa face. Eu estarei à vossa mão direita e à vossa esquerda, e o Meu Espírito estará em vossos corações, e os meus anjos ao vosso redor, para vos suster.” 14
Essa é a promessa a todos nós, quando buscamos oportunidades missionárias, seguimos os conselhos e obedecemos aos mandamentos de Jesus de Nazaré, nosso Salvador e nosso Rei. Ele vive—isto testifico. Em nome do Senhor Jesus Cristo. Amém

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