sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Dando o Próximo Passo



Podem ser necessárias rodas para realizá-lo, mas David Eves está fazendo o possível para concretizar seu sonho — inclusive o de servir como missionário.
David Eves descobriu que a vida pode mudar muito rapidamente quando, em 20 de setembro de 1997, ele e seus amigos estavam dirigindo um carro (off-road) no extremo sul de Utah.
“Batemos contra alguma coisa e perdemos o controle”, explicou David. “Lembro que voei pelo ar e quando acordei sentia uma dor excruciante. Quando vi meus amigos me olhando no chão e disse-lhes que não sentia minhas pernas, sabia que jamais seria o mesmo.”
David foi levado a um hospital de Salt Lake e foi submetido a uma cirurgia que durou oito horas. Nos três meses que se seguiram ele ficou entre a vida e a morte/lutou pela vida.
David era membro da Ala II de La Verkin, Estaca La Verkin Utah, era uma estrela do esporte, mas agora enfrentava novos desafios. Ele não conseguia reter o alimento no estômago nem falar, e sentia uma dor extremamente forte. Seu peso caiu de 78 para 45 quilos em dois meses.
Os dias e as noites eram longos e difíceis de suportar. “Eu queria me livrar dos analgésicos, mas a dor era insuportável”, lembra David. “Pedi ao meu pai que lesse o Livro de Mórmon para mim e quando o fazia acontecia um milagre. O Espírito daquele livro trazia-me muita paz e eu conseguia descansar.”
Mas David não estava melhorando. Jill Eves ficou alarmada ao ver a grande perda de peso do filho. Ela orou por inspiração e sentiu que deveria chamar um especialista. O novo médico notou uma perfuração no esôfago de David. Duas semanas depois, David voltou do hospital para casa.
O pai de David, Raymond, havia-lhe ensinado dois importantes segredos para atingir metas: dê o melhor de si e nunca desista. David estava acostumado a dar o melhor de si, então não era de se surpreender que ele tivesse retornado à escola na segunda-feira após sair do hospital.
“Eu estava engessado e usava um colete cervical”, disse David. “Eu tinha fé e sabia que ficaria melhor, mas logo constatei que estava completamente diferente dos outros oitocentos alunos da escola. Entretanto, depois daquela primeira semana difícil, eu sabia que poderia fazer qualquer coisa que quisesse; só precisava saber como.”
Alguns meses depois, o irmão de David sugeriu-lhe que se candidatasse a representante de classe. David novamente fez o melhor que pôde e transformou-se de estrela do esporte em líder estudantil. “Aquele ano foi terrível”, disse ele. “Foi uma preparação perfeita para a missão.”
David fez muitas sessões de fisioterapia porque estava determinado a servir como missionário. Alguns de seus amigos diziam que servir em uma missão não era necessário já que ele estava numa cadeira de rodas, mas David não concordava. “Eu sabia que o Senhor queria que eu servisse”, disse ele, “então decidi que faria tudo o que estivesse ao meu alcance para tornar isso possível.”
Em breve, ele conseguia tomar banho e vestir-se sozinho, dirigir o carro e levar sua cadeira de rodas para quase todos os lugares. Na verdade, depois que o médico lhe disse que era impossível, David aprendeu até a colocar o colete e caminhar com muletas, movendo os ombros para impulsionar seu corpo para a frente. Para alguém sem nenhum senso de equilíbrio nem habilidade de sentir o chão abaixo dos pés, essa era uma verdadeira façanha.
Depois da formatura no segundo grau, David não via a hora de completar dezenove anos e enviar seus papéis para a missão. Seu médico anexou uma nota declarando que ele era totalmente independente.
Mas não aconteceu o que ele esperava. Em vez do chamado, a carta de David dizia que ele não poderia servir como missionário de tempo integral.
“Fiquei desolado”, recorda David. “Tinha trabalhado tanto e tudo parecia ter sido tirado de mim em questão de segundos.” Mas David não desanimou. Em uma entrevista no escritório da Igreja, foi-lhe dito que havia uma missão para ele.
Uma semana depois, ele foi chamado para servir em uma missão de bem-estar nas Indústrias Deseret (D.I.) em Saint George, Utah, enquanto estivesse morando com os pais. David não estava preparado para esse chamado. “Para dizer a verdade, eu estava novamente desapontado”, declarou ele. Mas ele continuou pensando nas palavras do hino da Primária: “Eu irei, cumprirei” (“Néfi Era Valente”, Músicas para Crianças, p. 64). Ele descobriu que o Senhor queria que ele servisse nas Indústrias Deseret, uma loja da Igreja e um departamento de treinamento para empregos. No D.I. David ajudaria as pessoas que estavam tentando adquirir ou aperfeiçoar habilidades de trabalho.
“Hoje olho para trás e vejo como fui tolo. Não fazia idéia da bênção que seria essa missão”, disse David.
Além de David ser abençoado, seu senso de humor e atitude positiva influenciaram mais de duzentas e cinqüenta pessoas com quem ele trabalhou nos programas missionários e de auto-suficiência do D.I.. “Sempre que o dia estava ruim, nós vínhamos procurar o Élder Eves”, diz Debbie Kelly, uma das pessoas em treinamento. “Quando víamos sua alegria e atitude positiva, ainda que numa cadeira de rodas, perguntávamos a nós mesmos: ‘De quê estamos reclamando?’”
Como missionário, o Élder Eves passou manhãs inteiras ensinando as pessoas que queriam terminar o segundo grau ou ter um diploma equivalente. “Eu não conseguiria passar em matemática se não fosse por ele”, disse Brandy, mãe solteira que tentava melhorar suas habilidades de trabalho.
Mas as instruções de David não se limitaram às habilidades educacionais. Ele também ensinou as palestras missionárias para Rita Roberts, outra estudante. “Ele ajudou-me a entender o evangelho passo a passo”, disse Rita. “E eu sabia que podia contar com ele para qualquer coisa. Ele e sua família ajudaram-me a fazer a mudança duas vezes. Não dava para encontrar outra pessoa melhor — não só na classe, mas em qualquer outro lugar. Ele era único.”
Além de orientar os funcionários, David era responsável por muitos devocionais no D.I..
“Um dia, era a vez do Élder Eves dirigir o devocional”, declarou a Síster Scott, outra missionária de bem-estar do D.I.. “Todos estavam lá, exceto ele. Em poucos minutos, ele entrou, caminhando com as muletas. Não houve ninguém que não chorasse na sala enquanto ele nos falou sobre superar a adversidade e trabalhar de mãos dadas com Deus para alcançar qualquer objetivo.”
David adorava servir no D.I., mas seus esforços missionários não pararam por aí. Todas as tardes, ele dividia com os missionários de tempo integral. Esse esforço resultou em várias conversões, inclusive a de uma moça que lhe pediu que a batizasse.
“Imaginei que se ela possuía fé suficiente para pedir-me que eu a batizasse, eu teria fé suficiente para encontrar um meio de fazê-lo”, lembrou o Élder Eves. E assim, em 1° de janeiro de 2000, o Élder Eves sentou-se em sua cadeira de banho na pia batismal, proferiu a oração batismal e imergiu Robin Rasmussen na água. Ninguém jamais esquecerá o espírito presente naquele dia.
David leva um sentimento de esperança e paz onde quer que esteja. E seu senso de humor deixa as pessoas à vontade. “Se as pessoas me vêem brincando, elas se sentem mais confortáveis perto de mim”, explica ele. “Quando elas se dão conta de que sou feliz por causa do evangelho e das muitas bênçãos, o obstáculo da cadeira de rodas desaparece e elas me vêem como uma pessoa normal.”
E contar as bênçãos é o que o Élder Eves se concentra em fazer. “Uma coisa que a minha missão me ensinou mais que qualquer outra coisa foi como sou abençoado. Quando soube dos problemas pelos quais passam algumas pessoas do D.I., imaginei se conseguiria fazer o que eles fazem. Tenho uma família que me ama, tenho o evangelho e tive a oportunidade de servir o Senhor por meio de uma missão. Não poderia pedir mais”, declara.
David atualmente freqüenta a faculdade com uma bolsa de estudos integral e se exercita em sua bicicleta e nas muletas. “Eu treino nessas muletas todo dia para manter minhas pernas esticadas para estar pronto quando andar de novo”, diz ele. E ele fala isso com a mesma autoconfiança com a qual presta seu testemunho.
“Eu amo Doutrina e Convênios 121:7–8: ‘Meu filho, paz seja com tua alma; tua adversidade e tuas aflições não durarão mais que um momento; E então, se as suportares bem, Deus te exaltará no alto.’ Sei que Joseph Smith foi o profeta da Restauração e que Jesus Cristo é nosso Salvador e ama a cada um de nós. Às vezes, quando passamos por momentos difíceis, parece que estamos sozinhos, mas não estamos. Ele está bem lá conosco. E com esse conhecimento, tudo o mais parece não importar.”

Alternativas para Missões de Tempo Integral

Se você, rapaz ou moça, não tiver condições de servir numa missão de tempo integral por motivos de saúde, mas for capaz de agir e cuidar-se sozinho, pode haver oportunidade de você servir numa missão de serviço para a Igreja enquanto mora em seu próprio lar.
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    Com a permissão de seus pais, converse com seu bispo ou presidente de ramo sobre o seu desejo de servir numa missão de serviço.
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    Se o seu bispo ou presidente de ramo sentir que uma missão de serviço é adequada para você, ele pode descobrir como você pode usar seus dons e talentos específicos. Por exemplo: você poderia ser chamado para servir num Centro de História da Família da sua região, num departamento de empregos, num centro de prestação de serviços ou num instituto de religião. Pode ser designado para ajudar na manutenção de edifícios da Igreja e arredores ou ajudar os membros locais que precisarem de assistência; ou ainda, servir numa organização comunitária.
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    Seu bispo ou presidente de ramo, depois de conversar com você e com seus pais, determinará a duração de seu chamado.
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    Seu presidente de estaca ou de distrito irá designá-lo e desobrigá-lo. Ele determinará quais as regras da missão de tempo integral se aplicam à sua situação.
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    Você deve entrar em contato com os líderes do sacerdócio regularmente, e eles, por sua vez, deverão reportar-se às pessoas que supervisionam seu trabalho.
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    Onde for possível, você pode dar as palestras em conjunto com os missionários de tempo integral.

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